terça-feira, 2 de outubro de 2012

Depoimentos de jornalistas sobre o fim do Diário de Natal


A MORTE ANUNCIADA

Recebo com tristeza, no inicio da manhã, a notícia da morte física do velho Diário de Natal. Sai de cena a versão impressa de um jornal que passará a ter apenas a versão eletrônica. Não sei explicar o que estou sentindo. São muitas as sensações, as lembranças deste que foi a minha primeira e maior experiência profissional. Lá entrei ainda garoto, estudante do segundo ano de Jornalismo. Fui repórter e editor de Polícia numa experiência inesquecível tanto do ponto de vista profissional quanto pessoal. Saí de lá para alçar novos voos. E voltei seis anos depois para ser repórter e depois editor de Política e Cidades. Lá convivi com grandes jornalistas e vivi momentos memoráveis. Criei laços e deixei amigos. Apesar de todas as contradições e choques que se impõem entre a liberdade de expressão e a linha editorial - muitas vezes gerando conflitos entre direção e redação e entre o editorial e o comercial - o Diário de Natal sempre foi uma voz em favor da liberdade, da Democracia, dos direitos do Cidadão. Muito antes de o Ministério Público ganhar a conformação que tem hoje, era o Diário de Natal, a despeito do seu conservadorismo, quem encampava a defesa da sociedade. Nas redações do Diário de Natal, cuja edição dos 60 anos tive a honra de editar, aprendi o valor da liberdade, da Democracia, do respeito ao cidadão e, sobretudo, a encarar o Jornalismo como ferramenta de construção da Cidadania. Se os tempos e as circunstâncias obrigam uma nova versão do velho DN que ele e todos os seus profissionais tenham êxito no meio eletrônico. Mais do que observador e guardião da memória do povo norte-riograndense, o velho Diário de Natal é parte da nossa História. Da minha história. E eu me sinto muito feliz e honrado por isso.
Elias Medeiros - Fotografo

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Hoje o jornalismo potiguar amanheceu de luto. Deixa de circular na cidade o jornal Diário de Natal, periódico que tem história e acompanhou de perto o desenvolvimento de Natal e do RN. Infelizmente, nos últimos tempos o jornalista não tem recebido muita notícia boa. A nossa função é noticiar a informação do jeito que ela é, mas vocês não imaginam a satisfação em fazer uma matéria que com resultado
s positivos para a população. Noticiamos greves de categorias e ajustes salariais, ajudamos na luta de cata categoria que teve o seu salário reajustado, no entanto, temos o pior piso salarial do Brasil e ainda enfrentamos a decadência do jornalismo impresso na capital. E agora quem pode ajudar os jornalistas na sua luta salarial?
Camila Pimentel – Assessora de Imprensa

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É muito triste ouvir o silêncio de uma redação de jornal. O anúncio que o “Diário de Natal” deixa de circular na versão impressa, abre uma lacuna na história do jornalismo do Rio Grande do Norte, e fecha uma porta para excelentes profissionais de comunicação. Em tempos de eleição é sempre bom lembrar uma frase da ministra do Supremo Tribunal Federal, Carmem Lúcia Antunes Rocha: “Não há a menor possibilidade de se ter eleições livres sem que a imprensa atue igualmente de forma livre”.
Riccelli Araújo, repórter e apresentador da TV Assembléia

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Repetindo as palavras de Sergio Farias : é triste ver um jornal com 73 anos, como o Diário de Natal, ter o fim decretado numa notinha de rodapé

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Estou em choque com o fim da versão impressa do Diário de Natal. Foi minha primeira escola de jornalismo. Foi um lugar de amor a primeira vista. Onde conheci meus melhores professores e colegas que guardo no peito. Me solidarizo agora com os todos, mas principalmente com os "sobreviventes" que estão sendo demitidos. Me lembro como se fosse hoje de março de 2009 quando assistimos aquelas demissões em massa. Muitos de nós não saímos naquela leva...mas foi um período duro, que trouxe profundas mudanças e reflexões a minha vida. Um pedaço do meu coração quebrou naquele ano. E agora mais um se vai.

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"Passei cinco dias fora de Natal e sou recepcionado de volta com a notícia de que a versão imprensa do Diário de Natal vai acabar.
O fim de um jornal, seja em qual plataforma for, é uma nota triste na coluna da história.
É um caminho a menos para se chegar à informação.
Uma prova a mais que a comunicação não recebe o valor merecido e de que os empresários estão longe de perceber o papel social que “deveriam” exercer.
Mas empresários são empresários, porém eu sou jornalista e como tal me solidarizo pelos profissionais que nada têm a ver com questões financeiras da empresa e que sempre praticaram um jornalismo de qualidade, altíssima qualidade.
O fim do DN impresso é um passo atrás na caminhada que nossa sociedade deveria estar dando para a pluralização e não a restrição dos veículos de comunicação.
É, no caso de Natal, uma perda incalculável de décadas de valor agregado através do bem informar.
É uma escola a menos para que nossos jornalistas aprendam o que não foram ensinados nos bancos da academia.
É uma lembrança triste para centenas de jornalistas que fizeram parte de sua história.
Nunca trabalhei no Diário de Natal, mas era o jornal onde sonhava atuar quando entrei na universidade, era o lugar para onde iria se saísse da Tribuna, era o concorrente que visava ao fazer meu trabalho, era o veículo que norteava o sucesso ou fracasso de minhas coberturas, era o mais tradicional jornal comercial de Natal, era, era, era....
O fim da versão imprensa do Diário de Natal não é uma má notícia não só para o mercado, nem apenas para os jornalistas, é uma manchete triste para a nossa cidadania
Wagner Lopes

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A notícia do fechamento do Diário de Natal me deixa muito triste.  Só vejo perdas. Menos um veículo de comunicação para sociedade se informar, menos vagas para nós jornalistas trabalharmos. Falta de respeito aos profissionais que ficaram sabendo do fechamento só hoje quando viram o jornal na rua, falta de respeito com os leitores e assinantes que também foram pegos de surpresa com a notícia do fechamento.
O Diário de Natal foi escola prática, digamos assim, de muitos profissionais locais, inclusive a minha. Tenho uma relação de amor com o jornal, nunca escondi de ninguém.  Foi no DN que aprendi na prática a ser jornalista. Os colegas da redação foram verdadeiros professores. Lá convivi com grandes profissionais, criei laços e fiz grandes amigos. Aprendi e cresci não só como jornalista, mas também como pessoa, cidadã.  
Quem passou pela redação do Diário de Natal sabe do que estou falando, e com certeza guarda lembranças não só das pautas, mas das brincadeiras, das brigas, dos momentos de descontração, das grandes coberturas jornalísticas... Ainda bem que as recordações ninguém rouba, demite ou deixa de circular.
É uma pena que tudo tenha chegado ao fim, e principalmente da forma como foi.
Luciana Tito – Assessora de Imprensa

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Hoje o jornalismo do Rn está de luto!
O fechamento do Diário de Natal impresso não representa só mais uma empresa que fecha suas portas.
Representa um veículo a menos para dar voz a nossa sociedade e aos seus anseios.
Triste ver que se cumpre a profecia dos mais pessimistas sobre o fim dos impressos. 
Tristeza pelos colegas de profissão. 
Amanda Melo – repórter TV Ponta Negra

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