sexta-feira, 28 de setembro de 2012

O borracheiro ganha mais que eu


Kehrle de Souza Xavier Junior

É, bem que meu pai dizia, “jornalista? Você tem que ser mesmo é engenheiro. Estudar e passar em um concurso da Petrobras”, blá, blá, blá. Nunca dei ouvido, afinal quem vai trabalhar sou eu, o futuro é meu e a vida é minha! Mas chegando a uma bela conclusão nenhuma das duas profissões atualmente gera tanto lucro quanto a do borracheiro
, olhando num aspecto geral, nas capitais do Nordeste, nos últimos quatro anos.

Enquanto um jornalista em Natal ganha por cinco horas de trabalho R$ 1.050,00 (Hum mil e cinquenta reais), um borracheiro em um ponto estratégico da cidade chega a faturar mais de R$ 300,00 (Trezentos reais) em um único dia. Ai meu Deus, e agora? Só lamentações ou mudar de profissão? Quanta dúvida, aliás, que mundo cruel, o que posso fazer se as ruas das cidades hoje parecem mais tábuas de pirulito e verdadeiras crateras lunares? Quanta interrogação na minha vida, cruzes.

Não tenho nada contra os borracheiros, eles são importantes pra mim, pra você, para os motoristas, para a população em geral. E os buracos? Importantíssimos para os borracheiros e para os jornalistas. Uma pauta sobre um buraco na entrada da cidade que gera quase dez quilômetros de engarrafamento? Mega importante. Tem o mesmo grau de importância que a liquidação anual da Luíza para a dona de casa sem liquidificador. O buraco ajuda na economia das famílias, ou seja, serve como ganha pão tanto para o jornalista que vai noticiar o problema, quanto para o borracheiro que tem de aturar a raiva de milhões de nordestinos enraivados com tanto descaso.

O fato é que estou sendo irônico, ou tentando ser. O assunto em questão é o descaso existente com as vias públicas no nosso país e a importância de duas profissões tão desvalorizadas no cotidiano. O jornalista que em Natal tem um piso salarial tão baixo quanto uma formiga de roça, um salário que quando abrimos o contracheque nos faz cair em pranto (salário baixo + descontos = nada), e o borracheiro que ainda é visto com maus olhos por boa parte da população, mas ultimamente tem sido mais importante que um médico, um policial, ou um professor.

O que seria de nós brasileiros se não fosse o borracheiro? E dos motoristas sem o jornalista para informar os pontos mais esburacados das ruas, avenidas e estradas brasileiras? A verdade mesmo é que tanto assunto colocado em pauta neste artigo, reflete apenas na necessidade de renovação que a nossa política merece. Devemos olhar para governantes que cultuem mais propostas que beneficiem a infraestrutura das nossas cidades sem esquecer a saúde e educação que são fundamentais para o povo. Vai chegar um tempo em que ninguém mais vai sair de casa com tanto buraco, buracão e buraquinho. Então, vamos aproveitar que é ano de eleição?

*Escrito por um aluno do 6º período do curso de jornalismo da Universidade Potiguar na disciplina de Revista Eletrônica/Editoração Jornalística III.

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